quarta-feira, 7 de abril de 2010

Blog em Sala de Aula


Quando se ensina alguém a lidar com textos, ensina-se mais do que usos linguísticos. Ensina-se operações discursivas de produção de sentido dentro de uma dada cultura com determinados gêneros como forma de ação linguística. Operar com textos é uma forma de se inserir em uma cultura e dominar uma língua e o domínio da língua é também uma condição da textualidade.

Hoje, sabemos, é impossível ignorar a influência da internet na nossa cultura e, assim sendo, a escola não pode dar as costas á esta realidade. Ao contrário, a escola deve e pode usar a internet como uma aliada na aprendizagem efetiva dos alunos. Convictos desta verdade vários estudiosos já voltaram suas atenções ao fato: Marcuschi, que ocupa-se com o tema no livro "Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão", denomina a mídia virtual de "discurso eletrônico" e esta de "gênero emergente"; David Crystal em seu livro "A linguagem e a Internet" tenta descobrir algo sobre o papel da linguagem na internet e o efeito da internet na linguagem e alerta para o fato de que do ponto de vista dos gêneros realizados, a internet transmuta de maneira bastante radical gêneros existentes e desenvolve alguns realmente novos. Contudo, um fato é inconteste: a internet e todos os gêneros a ela ligados são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na internet a escrita continua essencial.

Então, estava eu preparando um trabalho para a faculdade sobre o uso da internet em sala de aula e encontrei alguns relatos de professores que já utilizam os vários recursos da web em suas aulas e sites que divulgam este maravilhoso trabalho. Entre esses relatos destaco o post da educarede.org.br que reproduzo aqui para melhor elucidar o assunto de hoje.


Cresce o uso pedagógico da ferramenta de publicação de textos na Internet
Por Priscilla Brossi Gutierre / Sinpro SP

Contar os “causos” e fatos interessantes da história rendeu à Escola EB 2,3 D. Pedro IV, em Portugal, um prêmio até então inédito. Curiosidades da História, foi considerado o melhor blog feito por uma escola na primeira edição do Blopes, premiação dos melhores blogs em Português e Espanhol na área de Educação. Além dele, Outro Olhar, também de Portugal, venceu como melhor blog feito por um professor. Na categoria, "Melhor Blogue, Serviço ou Programa ao Serviço da Educação", o vencedor foi o Netescrita. Mais importante do que o resultado em si, o prêmio colocou em debate o uso de blogs para fins educativos. Estudos e pesquisas vêm mapeando esse processo e dão conta da elevação do número de diferentes tipos de experiências.

Blog, abreviatura do termo em inglês weblogs, tem como características a facilidade em que pode ser criado, editado e publicado. Em geral, expressa relatos pessoais, idéias e sentimentos do autor, sobre os mais diversos assuntos e áreas. O uso para fins pedagógicos, no entanto, começou a ganhar destaque na blogosfera anglo-saxônica, como aponta a pesquisadora Tiscar Lara, em artigo para a revista eletrônica espanhola Telos. Ela cita o portal americano Education Bloggers Network como uma das experiências pioneiras.

Hoje, o crescimento no uso dessa ferramenta é significativo em vários Países. No Brasil, a situação não é diferente, mas talvez num ritmo menos acelerado. “O uso pedagógico do blog evoluiu de algumas iniciativas isoladas para um crescimento constante e significativo no País, nestes dois últimos anos. Ainda assim, é pequeno o número de escolas e professores que utiliza blogs”, constata Suzana Gutierrez, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que mantém o Gutierrez/Su, registrando projetos e experiências. Seu blog foi um dos indicados do Blopes 2005 como “melhor serviço ou programa ao serviço da Educação”.

Contribuições para o Ensino e Aprendizagem

A possibilidade da criação coletiva e a aproximação de alunos e professores são apontadas como as principais contribuições que os blogs podem trazer para o processo de ensino e aprendizagem. “São aplicativos fáceis de usar que promovem o exercício da expressão criadora, do diálogo entre textos, da colaboração”, explica Suzana Gutierrez, da UFRGS. “Blogs possuem historicidade, preservam a construção e não apenas o produto (arquivos); são publicações dinâmicas que favorecem a formação de redes”, completa.

Sônia Bertocchi, pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC) e coordenadora do Núcleo de Interatividade do Portal EducaRede, explica que os blogs permitem o desenvolvimento de tarefas em equipe. “O trabalho pedagógico com a ferramenta privilegia interatividade, autoria, autonomia, registro e protagonismo”, completa a pesquisadora que mantém o Lousa Digital, espaço de reflexão coletiva sobre o uso pedagógico da Internet, também entre os indicados ao Blopes.

Vidas Secas – da ficção à realidade é uma experiência bem-sucedida desse processo. Desenvolvido no Colégio Pe. Colbachini sob coordenação da professora de Português Marli Fiorentin, o blog fez uma ponte entre a seca que atingiu o Rio Grande do Sul, a realidade nordestina e a ficção, através de obras literárias como o livro Vidas Secas. Os textos, ora escritos pela professora, ora escritos pelos alunos, receberam comentários e tornaram-se, portanto, obra coletiva, como resultado direto da troca de experiências. O projeto ficou em 4º lugar no Blopes na categoria “Escola”.

Se, em números, as experiências com blogs educacionais ainda não são tão expressivas, a discussão em torno deles é intensa na blogosfera brasileira. Um rápido passeio pela web mostra isso. Em Relatos de Experiências, o visitante acompanha projetos realizados em escolas públicas que usam tecnologias. Projetos Colaborativos traz, além e relatos, notícias e dicas para os educadores e interessados. Oficina de Educação dá sugestões de sites e blogs que podem ajudar o trabalho do professor. Aprendente coloca em debate o uso de blogs na Educação. E esses são apenas alguns exemplos. O debate parece estar apenas começando.

Proposta Pedagógica: Alice no Páis das Maravilhas - Lewis Carrol

BREVE ANÁLISE DA OBRA

O presente post busca fazer uma análise a respeito da obra Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll. Para isso, levará em consideração a tradução e os estudos feitos por Sebastião Uchoa Leite em Aventuras de Alice no país das maravilhas através do espelho e o que Alice encontrou lá.

Segundo Uchoa, Lewis Carroll carrega até hoje o fardo de ser considerado um escritor unicamente voltado para o público infantil. Entretanto, seus livros são, cada vez mais, indicados e percebidos como uma literatura para o público adulto, pois inúmeros de seus críticos compreenderam que os elementos que compõem as histórias não são apenas fantasias infantis. Ao contrário, tudo encontra referência através de inúmeras alusões literárias, científicas, lógico-matemáticas, etc. Inclusive Carroll também faz alusões a poemas da era vitoriana e a alguns de seus conhecidos, o que torna a obra mais difícil de ser compreendida por leitores contemporâneos.

O livro conta a história de uma menina chamada Alice que observa a leitura da irmã no jardim e, de súbito, vê um coelho passar correndo. Intrigada, Alice resolve seguí-lo até que cai em uma espécie de buraco ou toca e vai parar em um lugar fantástico povoado por criaturas peculiares. O livro adquiriu grande popularidade devido ao fato de trazer em si muitas brincadeiras e enigmas de lógica.

Contendo fortes elementos do nonsense, pode ser interpretado de inúmeras maneiras. Uma delas faz alusão à passagem da infância para a adolescência, representada pela queda no buraco. As constantes mudanças de tamanho da personagem principal e seu estranhamento diante disso, assinalam a confusa psicologia dos jovens. Para Uchoa Leite, tais acontecimentos podem referir-se tanto a um rito de passagem entre dois universos quanto às teorias cosmológicas sobre o universo em expansão.

Outra questão que deve ser abordada são as inúmeras discussões sobre lógica. Os temas são problemas de identidade, problemas dos nomes e do sentido das palavras.

O crítico aborda também que tais especulações estão centradas, em sua maioria, no plano do hipotético, contudo, elas são de grande importância para a compreensão do mundo Carolliano.

Por tudo quanto foi dito até aqui, Uchoa Leite esclarece que a história de Alice não poderia ser classificada ao lado das fábulas e contos de fadas infantis, uma vez que eles tiveram origem na tradição oral, e as histórias de Carroll apresentam interferências da série histórica da narrativa. Apesar de Carroll lançar mão de elementos dos contos de fadas infantis (em suas histórias há animais falantes, reis e rainhas) o elemento histórico de seus livros surgem através de alusões e referências, restringindo-se a um circuito fechado.

Certamente, suas histórias podem ser lidas pelo prazer do nonsense, porém, não podem ser interpretadas aleatoriamente sem uma decodificação precisa.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Proposta de atividade destinada à turma de 7ª série

1) Alice, ao entrar no País da Maravilhas, muda de tamanho diversas vezes. Ora fica muito grande, ora se vê diminuída. Conte o que você faria se, como Alice, pudesse mudar de tamanho. Em quais situações você gostaria de “ser grande” e em quais você adoraria ser “pequenino”.

2) Na história de Alice existem vários personagens, cada qual com suas características e comportamentos, ou seja, diferentes um dos outros. Assim também são as pessoas que conhecemos, umas diferentes das outras. Verifique entre seus conhecidos (parentes, amigos, vizinhos, colegas, etc) com qual personagem de Alice no País das Maravilhas elas se parecem e preencha o quadro abaixo:


PERSONAGEM        CARACTERÍSTICA  PRINCIPAL           SEU AMIGO


3) Toda a narrativa é composta de “cenas” que poderíamos, assim como fazem os atores, trazer para a vida real, dramatizando. Agora, junto ao grupo que formamos, escolha uma dessas “cenas” de que falamos, faça uma adaptação teatral, distribua os personagens, ensaie e apresente à turma. Bom trabalho.